sexta-feira, 9 de outubro de 2009

Criança Interior

...Por Adris

Esta chegando o Dia das Crianças...e nesse período é inevitável o saudosismo daquele tempo em que o faz de conta pairava em nossa mente...
Eram tempos fáceis em que era difícil responder nossos por quês...em que sonhavamos crescer...em que viver era curtir o faz de conta...
Pra celebrar essa época, segue meu repertório pessoal, embalado por comentários e estórias...

REAL ILUSÃO
Letra: Dalton Nóbrega

Aaaaah, Que pena
Tá na hora
De ir embora
Não queria ir, queria mais estória
É tão lindo
Fico triste em pensar que tudo pode terminar

Minha vida
Tem dois mundos
Por de fora
É chamado de realidade
E o que está no peito
Bem guardado
E se chama... Ilusão

Emília, pára um tempo
Porque não dá!
Um pouco do estar
Imensurar o mundo natural e o mundo da magia
Seria até melhor
Se a vida fosse assim
Pirlimpimpim
E o mundo real virava fantasia

Já que a vida
Tem dois mundos
Realidade e ilusão
Todo mundo
Em um dia
Ter os dois no coração

Xô, Pedrinho!
Narizinho, deixei um pouco de creme pra vocês dois
Mas é pra repartir
Tchau, Visconde
Tchau, Emília
Gente, que vontade enorme de me dividir

Vem comigo
Sai daqui
O real e a ilusão
Todo mundo
Bem podia
Ter os dois no coração
...

quinta-feira, 1 de outubro de 2009

Eu Não Sei Na Verdade Quem Eu Sou

...por F. Anitelli (Teatro Mágico)

Eu não sei na verdade quem eu sou
já tentei calcular o meu valor
Mas sempre encontro sorriso
e o meu paraíso é onde estou

Por que a gente é desse jeito?
criando conceito pra tudo que restou
Meninas são bruxas e fadas
Palhaço é um homem todo pintado de piadas
Céu azul é o telhado do mundo inteiro
Sonho é uma coisa que fica dentro do meu travesseiro
Mas eu não sei na verdade quem eu sou
Já tentei calcular o meu valor
E sempre encontro sorriso
E o meu paraíso é onde estou
Eu não sei... na verdade quem eu sou

Perguntar

Da onde veio a vida por onde entrei.
Deve haver uma saída e tudo fica sustentado
Pela fé
Na verdade ninguém
Sabe o que é Velhinhos são crianças nascidas faz tempo
com água e farinha colo figurinha e foto em documento
Escola! É onde a gente aprende palavrão...
Tambor no meu peito faz o batuque do meu coração
Mas eu não sei na verdade quem eu sou
Já tentei calcular o meu valor
E sempre encontro sorriso...
e o meu paraíso é onde estou
Eu não sei na verdade quem eu sou


Perceber que a cada minuto
tem um olho chorando de alegria e outro chorando de luto
tem louco pulando o muro,
tem corpo pegando doença
tem gente trepando no escuro,
tem gente sentindo ausência

Meninas são bruxas e fadas
Palhaço é um homem todo pintado de piadas
Céu azul é o telhado do mundo inteiro
Sonho é uma coisa que fica dentro do meu travesseiro
Mas eu não sei na verdade quem eu sou
Já tentei calcular o meu valor
Mas sempre encontro sorriso e o meu paraíso é onde estou
Mas eu não sei na verdade quem eu sou...

Geração Tribalista: Ser ou Não Ser de Alguém

...por Arnaldo Jabor

Na hora de cantar todo mundo enche o peito nas boates, nos bares, levanta os braços, sorri e dispara "eu sou de ninguém, eu sou de todo mundo e todo mundo é meu também".No entanto, passado o efeito do uísque com energético e dos beijos descompromissados, os adeptos da geração "tribalistas" se dirigem aos consultórios terapêuticos, ou alugam o ouvido do amigo mais próximo e reclamam de solidão, ausência de interesse das pessoas, descaso e rejeição.

A maioria não quer ser de ninguém, mas quer que alguém seja seu. Beijar na boca é bom? Claro que é! Se manter sem compromisso, viver rodeado de amigos em baladas animadíssimas é legal? Evidente que sim. Mas por que reclamam depois?

Será que os grupos tribalistas se esqueceram da velha lição ensinada no colégio, onde "toda ação tem uma reação".Agir como tribalistas tem consequências, boas e ruins, como tudo na vida...Não dá, infelizmente, para ficar somente com a cereja do bolo - beijar de língua, namorar e não ser de ninguém.



Para comer a cereja é preciso comer o bolo todo e nele os ingredientes vão além do descompromisso, como: não receber o famoso telefonema no dia seguinte, não saber se está namorando mesmo depois de sair um mês com a mesma pessoa, não se importar se o outro estiver beijando outra, etc, etc, etc. embora já saibam namorar, "os tribalistas" não namoram.


Ficar, também é coisa do passado. A palavra de ordem hoje é "namorix". A pessoapode ter um, dois e até três namorix ao mesmo tempo.Dificilmente está apaixonada por seus namorix, mas gosta da companhia do outro e de manter a ilusão de que não está sozinho.Nessa nova modalidade de relacionamento, ninguém pode se queixar de nada.

Caso uma das partes se ausente durante uma semana, a outra deve fingir que nada aconteceu, afinal, não estão namorando. Aliás, quando foi que se estabeleceu que namoro é sinônimo de cobrança? A nova geração prega liberdade, mas acaba tendo visões unilaterais. Assim como só deseja "a cereja do bolo tribal", enxerga somente o lado negativo das relações mais sólidas.

Desconhece a delícia de assistir a um filme debaixo das cobertas num dia chuvoso comendo pipoca com chocolate quente, o prazer de dormir junto abraçado, roçando os pés sob as cobertas e a troca de cumplicidade, carinho e amor.

Namorar é algo que vai muito além das cobranças.

É cuidar do outro e ser cuidado por ele, é telefonar só pra dizer bom dia, ter uma boa companhia para ir ao cinema de mãos dadas, transar por amor, ter alguém para fazer e receber cafuné, um colo para chorar, uma mão para enxugar lágrimas, enfim, é ter "alguém para amar".


Já dizia o poeta que "amar se aprende amando" e se seguirmos seu raciocínio, esbarraremos na lição que nos foi passada nas décadas passadas: relação é sinônimo de desilusão. O número avassalador de divórcios nos últimos tempos, só veio a confirmar essa tese e aqueles que se divorciaram (pais e mães dos adeptos do tribalismo), vendem na maioria das vezes de que casar é um péssimo negócio e que uma relação sólida é sinal de frustrações futuras.Talvez seja por isso que pronunciar a palavra "namoro" traga tanto medo e rejeição.

No entanto, vivemos em uma época muito diferente daquela em que nossos pais viveram. Hoje podemos optar com maior liberdade e não somos mais obrigados a "comer sal juntos até morrer". Não se trata de responsabilizar pais e mães, ou atribuir um significado latente aos acontecimentos vividos e assimilados na infância, pois somos responsáveis por nossas escolhas, assim como o que fazemos com as lições que nos chegam.

A questão não é casual, mas quem sabe correlacional. Podemos aprender a amar se relacionando, trocando experiências, afetos, conflitos e sensações. Não precisamos amar sob os conceitos que nos foram passados.

Somos livres para optarmos!

E ser livre não é beijar na boca e não ser de ninguém. É ter coragem, ser autêntico e se permitir viver um sentimento... É arriscar, pagar para ver e correr atrás da felicidade. É doar e receber, é estar disponível de alma, para que as surpresas da vida possam aparecer. É compartilhar momentos de alegria e buscar tirar proveito até mesmo das coisas ruins.

Ser de todo mundo e não ser de ninguém é o mesmo que não ter ninguém também... É não ser livre para trocar e crescer... É estar fadado ao fracasso emocional e à tão temida solidão.

Namorofóbicos

...por Arnaldo Jabor

"A praga da década são os namorofóbicos.
Homens (e mulheres) estão cada vez mais arredios a título de namorado, mesmo que, na prática, namorem. Uma coisa muito estranha!Saem, fazem sexo, tudo numa frequência de namorados, mas não admitem.


Têm alguns que até têm o cuidado de quebrar a constância só para não criar jurisprudência, como se diria em juridiquês. Podem sair várias vezes numa semana, mas aí tem que dar uns intervalos regulamentares, que é para não parecer namoro.É tua namorada? - Não a gente tá ficando.Ficando aonde, cara pálida? Negam o namoro até a morte, como se namoro fosse casamento, como se o título fizesse o monge, como se namorar fosse outorgar um título de propriedade.

Devem temer que ao chamar de namorada(o) a criatura se transforme numa dominadora sádica, que vai arrastar a presa para o civil, fazer enxoval, comprar alianças, etc. Não vai. Não a menos que seja um(a) psicopata. Mais pata que psico. Namorar é leve, é bom, é gostoso. Se interessar pelo outro e ligar pra ver se está tudo bem pode não ser cobrança, pode ser SAUDADE, vontade de estar junto, de dividir. A coisa é tão grave e levada a extremos que pode tudo, menos chamar de namorado.

Pode viajar junto, dormir junto, até ir ao supermercado junto (há meses!), mas não se pode pronunciar a palavra macabra: NAMORO.Antes, o problema era outro: CASAMENTO. Ui. Vá de retro! Cruz credo! Desafasta. Agora é o namoro, que deveria ser o test drive, a experiência, com toda a leveza do mundo.

Daqui a pouco, o problema vai ser qualquer tipo de relacionamento que possa durar mais que uma noite e significar um envolvimento maior que saber o nome.


Do que o medo?
Da responsabilidade?
Da cobrança?
De gostar?

Sempre que a gente se envolve com alguém tem que ter cuidado. Não é porque 'a gente tá ficando' que não se deve respeito, carinho, cuidado....Não é porque 'a gente tá ficando' que você vai para a cama num dia e no outro finge que não conhece e isso não dói? Não é porque 'a gente tá ficando' que o outro passa a ser mais um número no rol das experiências sexuais - e só. ou é?

Tô ficando velho? Paciência.




Vamos NAMORAR em toda a sua essência, curtir, cuidar, respeitar....Se preocupar, tá junto, conhecer o outro.Vocês 'ficantes' estão perdendo o que existe de mais bonito e gostoso num relacionamento, num namoro, que é a cumplicidade...A magia, o encanto, a conquista, o AMOR!!!

Pensem nisso e namorem pra valer!"

domingo, 9 de agosto de 2009

Perdas

...Há muito tempo não escrevo...
Na verdade havia me prometido nunca mais fazê-lo...mas hoje preciso gritar...
Preciso gritar muito alto...

Em algum momento devo ter feito algo de muito errado, devo ter falhado bruscamente, e fortemente maltratado as chagas de Cristo...ou de outra forma, não consigo imaginar os motivos de necessitar pagar tão caro pra ter paz...

De algum tempo pra cá...muito tempo....as bolas de neve tem corrido em minha direção, numa velocidade assustadora...e o desequilíbrio volta a me assolar...
´
Um dia acordo percebo o quão errada estive, perdida pelos caminhos e resolvo mudar de direção, correr risco, pagar o preço...Crendo estar entrando num momento de reencontro...E então.. sou pega numa surpresa do destino pela dor da saudade...Ah! Assustadora saudade...

E bem antes que consiga respirar, perde-se mais alguém pelo caminho...e mais uma vez dói lá dentro os descaminhos que a vida tem...

Tento me levantar, tento não sucumbir...mas e agora? o que posso fazer diante dessa cena? O que ocorre hoje não é somente uma perda...o destino me rouba a alma, leva um pedaço de mim...Quero de volta meu pai!!!

Senhor! Nessa noite, outra vez te peço forças pra continuar a batalha, sabedoria pra lidar com a situação, e esperança pra continuar em pé...

Outra vez preciso de luz pra continuar caminhando...por que estou sendo dilacerada viva...e é uma dor maior que qualquer outra já experimentada...

Me pergunto os por quês como se de alguma forma isso diminuisse o sofrimento...como se isso me permitisse sarrar os que tanto amo...

Mas, infelizmente, não posso...por que essa cruz...é minha!

domingo, 3 de maio de 2009

Até Mesmo Chute na Bunda Nos Leva Adiante...

...Por Adris

Esta mais que comprovado: "Até chute na bunda nos leva adiante!"

Caracas!

Sempre acreditei que a reação das pessoas a rejeição, a critica e ao desafio podem servir de combustível para uma surpriendente reviravolta! E de uns tempos pra cá, minha teoria vem se comprovando...




Um tempo atras postei um texto que falava sobre o sertir-se desafiado...hoje, após a conquista do Título de Campeão Paulista 2009 pelo Corinthians, abro um parenteses para o específico caso do jogador Ronaldo Fenomeno, chamado por um dirigente adversário de : "Ex-jogador", "Gordinho", há algumas semanas.

Analisando a performance de Ronaldo no decorrer do campeonato, percebemos que essa declaração agiu como um marco divisor de águas...foi como se antes dela existisse um comportamento comprometido com a recuparação e com o time e depois dela, uma necessidade de resposta, que não dependia de palavras, mas de muita atitude.

O jogador, dali pra frente, demonstrou em cada lance, em cada passe de bola que o "ex-jogador" fazia diferença e que sua forma física não lhe impedia de criar jogadas, decidir jogos, fazer gols e o mais importante - levar a Fiel ao delírio.

É claro que houve o crescimento do time no decorrer do campeonato, o envolvimento e tal - não pretendo ser leviana afirmando que sem essa declaração ele não tivesse conquistado a confiança e credibilidade. Não é isso, de maneira alguma. Ele treinou, buscou, teve apoio da equipe, da torcida, enfim...O que busco é a sutileza emocional-muda que todos nós, seres humanos possuimos...

Essa sutileza que nos permite ir mais além quando desafidos a ousar...ou a responder uma ação...e por isso afirmo novamente que "até chute na bunda nos leva adiante...

sexta-feira, 10 de abril de 2009

Sermão da Montanha

...Por Adris

Muitos falam sobre o Livro Sagrado, a Bíblia. Alguns criticam sua veracidade. Outros seguem fielmente...e muitos se esquecem num canto empoeirado...

Eu, apesar de num momento de extrema confusão mental e de energia baixissima...continuo a crer que ali existam ensinamentos unicos e profissões de fé profundas.

Especialmente hoje, dia em que nós,católicos, celebramos a Sexta Feira Santa da Paixão e Sacrifício de Jesus Cristo, vendo lembrar uma das passagens mais bonitas que já ouvi e vivi...relembrando os aureos tempos em que divulgavamos a fé através da nossa arte e em que purificavamos nossas almas com o amor divino.

Segue o Sermão da Montanha...e que ele ilumine essa noite enluarada com esperança de uma Passagem para alegria santa e respeito mutuo...que sejamos mais dignos, mais honestos com nossos corações e tenhamos mais brilho em nossos olhares....
Amém...e uma Feliz Páscoa à todos!

"1 Jesus, vendo a multidão, subiu a um monte, e, assentando-se, aproximaram-se dele os seus discípulos;2 e, abrindo a boca, os ensinava, dizendo:

3 Bem-aventurados os pobres de espírito, porque deles é o Reino dos céus;
4 bem-aventurados os que choram, porque eles serão consolados;
5 bem-aventurados os mansos, porque eles herdarão a terra;
6 bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque eles serão fartos;
7 bem-aventurados os misericordiosos, porque eles alcançarão misericórdia;
8 bem-aventurados os limpos de coração, porque eles verão a Deus;
9 bem-aventurados os pacificadores, porque eles serão chamados filhos de Deus;
10 bem-aventurados os que sofrem perseguição por causa da justiça, porque deles é o Reino dos céus;
11 bem-aventurados sois vós quando vos injuriarem, e perseguirem, e, mentindo, disserem todo o mal contra vós, por minha causa.
12 Exultai e alegrai-vos, porque é grande o vosso galardão nos céus; porque assim perseguiram os profetas que foram antes de vós."

Mateus capítulo 5 vers. 1 a 12

The End...

...Por Adris

Quando era criança, gostava de escrever "The End!" no final de cada texto, de cada tarefa...era como se o ponto final não fosse suficiente para finalizar a história...

O tempo passou, me tornei mulher, dona e senhora de minhas verdades...e cá estou eu....a escrever "The End!" outra vez...

Só que hoje, é noutro tipo de tarefa, de história que coloco meu fim do final...Meu "The End!" hoje, vem simbolizar aquilo que tenho almejado: O fim de um ciclo!Um ciclo de aprendizados por demais doloridos, um ciclo de revoltas, de renuncias, de omissões e incertezas.

Que me ensinaram a crer que às vezes dizer NÃO é o mesmo que afirmar a vida; que gritar é sinônimo de calar a dor; que ainda que repitamos mil vezes a mentira não se tornará verdade e nem o inverso; e que embora sejamos inteligentes, espertos e astutos ainda não possuimos o poder de modificar o tempo real de cada coisa...Fim do ciclo.Ponto final.

Quero recomeçar.Reconstruir meus trilhos.Reinventar a alegria.Reviver as alegrias.Quero tocar em frente...E esperar que um dia as lembranças desse ciclo me permitam rir do que fui e as nostalgias sejam somente sorrisos.

The End 30/03/2009.Ponto final. Na outra linha.Paragrafo.Letra maiúscula.Tudo começou...rs

sexta-feira, 20 de março de 2009

Errar Dói !!!

...Por Adris...

Dói...
Errar dói muito!
É muito penoso, não saber o que fazer, como agir, o que sentir...
Errar é desejar ser tragado pra dentro de si mesmo e nunca mais expirado ao vento... é querer a solidão de tamanha vergonha de si mesmo...
Mas o mais triste de todos os erros possíveis é aquele que cometemos contra nós mesmos...Contra nossas verdades...
Dá uma vontade infinita de morrer...
Alias...essa é a unica coisa em que tenho pensado ultimamente... Talvez a morte doa menos...que suportar um peito carredo pela infelicidade de existir...

sábado, 28 de fevereiro de 2009

Paraíso é Para Isso!

Por Adrissssss...ssss.....ssssss

Vamos falar de Paraíso!

Não sei se pela força imposta pelo cansaso do trabalho constante dos ultimos anos (que se esqueceu das palavras, fins de semana, feriados, férias!), se pela rotina social (que nos obriga a sorrir amareladamente a dor), se pelo desgaste provocado pelas intemperes alheias, ou mesmo pela falta de colo pra dividir a tristeza e acalmar a solidão...fui ao longo do tempo me esquecendo do quanto é preciso "apreciar o paraíso".
Nesse Carnaval enlouqueci...perdi a estribeira ao saber que seria possível alguns dias de paz...Me esqueci das festas e busquei um pequeno paraíso.
Na verdade ainda não consegui concluir se a beleza de Trindade é assim tão devastadora...ou se eu é quem fui devastada pela vida. O fato é que pude me recordar como é "estar" fora de si.
De acordo com estudiosos a palavra Paraíso deriva do termo avéstico pairi-daeza (uma área/jardim murada), composto por pairi- (ao redor), um cognato do grego peri-, e -diz (criar, fazer). Uma palavra associada é o sânscrito paradesha que literalmente significa país supremo.

O lugar ideal, na terra ou utopia, outrora representado pelo Jardim do Éden.

Um lugar descrito por diferentes religiões onde o clima é ameno, há abundância de alimentos e recursos, e não há guerras, doenças ou morte. Normalmente, a vida no paraíso seria a recompensa após a morte para as almas dos que seguem corretamente os preceitos de cada religião.

Para mim, Paraíso é bem mais simples que isso. Para mim paraíso foi ver o mar transparente e alimentar os peixes...Mergulhar bem fundo nas minhas saudades...Foi ouvir o cantar da areia na Praia do Meio (acreditem ela canta no atritar dos pés...)...Olhar pro céu e admirar as estrelas...Saciar a fome dos amigos com um toque simples de amor...Dormir à sombra de uma árvore a ser acordada pela maré cheia...

Para mim Paraíso foi curtir acordar cedo sem o despertador...Tomar banho de chuva e brincar feito criança...Foi me atrever a tentar "jogar" malabares com um novo amigo e posar pra fotos com desconhecidos...

Paraíso pra mim, foi passear pelas ruas de Paraty admirando a velha arquitetura e descobrindo que naquela cidade as coisas tem nomes de cores...e as Vilas escondem paixões...

No cachadaço Deus pintou um pedaço do paraíso e colocou na trilha seu preço...

Por alguns dias foi permitido entrar pra brincar e alimentar os olhos do coração...

Dias de paz...dias que não deixaremos para trás...

domingo, 15 de fevereiro de 2009

Valentine’s Day

...Por Adris

Pois bem...Estou mais uma vez aqui pra falar de amor!
Dia 14 de fevereiro, vários países europeus comemoram o Dia de São Valentine ou Dia dos Enamorados...

De acordo com alguns pesquisadores, durante o governo do imperador Cláudio II, este proibiu a realização de casamentos em seu reino, com o objetivo de formar um grande e poderoso exército. Cláudio acreditava que os jovens se não tivessem família, se alistariam com maior facilidade. No entanto, um bispo romano continuou a celebrar casamentos, mesmo com a proibição do imperador. Seu nome era Valentim e as cerimônias eram realizadas em segredo. A prática foi descoberta e Valentim foi preso e condenado à morte. Enquanto estava preso, muitos jovens jogavam flores e bilhetes dizendo que os jovens ainda acreditavam no amor. Entre as pessoas que jogaram mensagens ao bispo estava uma jovem cega: Assíria filha do carcereiro a qual conseguiu a permissão do pai para visitar Valentim. Os dois acabaram-se apaixonando e ela milagrosamente recuperou a visão. O bispo chegou a escrever uma carta de amor para a jovem com a seguinte assinatura: "De seu Valentim", expressão ainda hoje utilizada. Valentim foi decapitado em 14 de Fevereiro de 270 d.C.
Não estamos na Europa, por aqui utilizamos 12 junho para celebrar o amor...contudo, aproveito a deixa para homenagear alguns casais velhos conhecidos nossos, mestres nessa tão doce arte do amor.

O casal mais "Brabo" : Lampião e Maria Bonita

Lampião foi o inimigo número um da polícia nordestina, sua vida no crime teve inicio em 1920, para vingar a morte do pai. Roubava, cobrava tributos de latifundiários e assassinava por vingança ou por encomenda.
Quando passava por Santa Brígida (divisa entre Bahia e Sergipe), onde morava Maria Bonita, foi amor à primeira vista da parte dele.
Ela já o admirava, devido a suas façanhas, acabou seguindo-o dias depois. Eles eram nômades, sempre acolhidos pelos donos de fazenda, que zelavam pela segurança do bando.
Em 1938 teve fim a vida de Crime de Lampião e Maria Bonita, eles e sua quadrilha caíram em uma emboscada, ambos foram assassinados juntamente com seu bando. A cabeça de Virgulino Ferreira Silva, o Rei do Cangaço (Lampião) foi decepada, e exposta em praça pública.

Os Inseparáveis : Popeye e Olívia Palito

Popeye foi criado em 1929 por Elzie Segar para uma tira de jornal que tinha o nome de Timble Theater. Em julho de 1933 ele virou desenho animado junto com a Betty Boop mas não demorou muito para que Popeye elegesse como o centro de sua vida, a sua eterna e sempre exigente namorada. Poucos dias depois de surgir em Thimble Theatre, Popeye conheceu Olívia Palito, que estava escondida no barco que ele comandava. Nos primeiros encontros, nada prenunciava o relacionamento amoroso entre os dois. Quase que se ignoravam mutuamente. Não foi amor à primeira vista o que os uniu. Foi muito mais amor ao primeiro beijo, o que ela deu em Popeye, supostamente por engano, segundo explicou depois, por pensar que se tratava de Ham Gravy, o seu namorado de então. Mas a desculpa chegou tarde, já o coração do marinheiro não mais lhe pertencia, estava totalmente dominado pela imagem daquela mulher alta, disforme, magérrima, de pescoço comprido e pés desproporcionais... uma figura totalmente sem atrativos. Aos poucos, ela também foi correspondendo ao amor do marinheiro, colocou o namorado a escanteio e assumiu totalmente o romance com Popeye. Transformaram-se nas duas faces de uma mesma moeda. Inseparáveis. Zelosos um do outro. Amantíssimos.

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

Strani Amori - Amores Estranhos

...Por Renato Russo

Me desculpe, mas devo ir embora
Eu sabia que era uma mentira
Quanto tempo
Perdido atrás de você
Que promete e nunca muda

Estranhos Amores que nos colocam em problemas
Mas na realidade somos nós.
E na espera de um telefonema
Brigando para que esteja livre
com o coração no estomago e um nó na garganta
ali sozinho, dentro um arrepio, mas porque ela não esta

E são estranhos amores que nos fazem crescer e sorrirentre lágrimas
Quantas páginas para escrever, sonhos livres para
dividir.
E são amores normais a esta idade
que se confundem dentro da alma
que se interroga sem se decidir
se é um amor para nós
e quantas noites perdidas a chorar, relendo aquelas
cartasque não consigo jogar fora no labirinto da saudade

grandes amores que terminam
mas porque ficam no coração

Estranhos amores que vão e vem
nos pensamentos se escondem
histórias verdadeiras que nos pertencem
mas se perdem como nós
amores estranhos, frágeis
prisioneiros livres

amores estranhos que nos colocam em
problemas mas na realidade somos nós
são amores estranhos que não quero viver
me desculpe, mas devo ir embora
desta vez é uma promessa
porque eu quero um amor verdadeiro

sem você.

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

Tecendo Nossos Desafios

...Por Adris,

O tecido acrobático é uma modalidade aérea circense.

De acordo com os estudos de Daniela Helena Calça, não se sabe ao certo quem o inventou, mas se acredita que o tecido é uma extensão do trabalho de corda lisa, uma modalidade que antigamente era de sisal e atualmente é de algodão (esta última confere maior flexibilidade e conforto durante as travas). Por sua vez, parece que as performances na corda tenham surgido das evoluções realizadas pelos artistas quando subiam ao trapézio, ou até mesmo durante a instalação (montagem) do circo, na qual se utilizam as cordas para subir e descer das alturas.

Desiderio (2003), relata em seus estudos que , Alice Viveiro de Castro (historiadora de circo), esteve no festival Internacional de Acrobacias de Wuqia (China), em 1999, onde foram expostos alguns desenhos orientais apresentados por uma pesquisadora da escola de Circo de Beijin, com performances em grandes panos nas festividades dos imperadores da China por volta do ano de 600 d.C., utilizando a seda como tecido da época.

No ocidente, um dos relatos mais antigos é uma experiência nas décadas de 1920 e 1930, em Berlim (Alemanha), por alguns artistas que realizaram movimentos com as cortinas de um cabaré.

Alguns relatos indicam que foi na França que o tecido circense foi aprimorado após pesquisas com diferentes materiais (cordas, tecidos, correntes, etc.), realizadas pelo francês Gèrard Fasoli nos anos de 1980 (DESIDERIO, 2003). Neste período, chegou-se à utilização de um material bastante resistente no comprimento e, ao mesmo tempo, com elasticidade na largura, o que lhe confere grande plasticidade e leveza. Este moderno material denomina-se liganete.


Possivelmente existam outras ligas sintéticas que podem ser utilizadas para esta prática. No entanto, o mais importante é que este material suporte o peso do praticante multiplicado até quatro vezes (aproximadamente). A inexistência de regras e a necessidade de inovar e criar, típicas das artes cênicas, fez surgir diferentes formas de prática do tecido na modernidade.

Contudo, o real objetivo desse texto não é o histórico do tecido acrobático. Não nesse momento. A real intensão é dividir o curioso sentimento que esse "pedaço de pano" é capaz de produzir no ser humano.

Rescentemente iniciei a prática dessa modalidade aérea circense, objetivando simplesmente melhorar o condicionamento físico, a flexibilidade e assim favorecer a saúde. Mas em pouco tempo pude sentir "na pele" o quão maiores podem ser os benefícios, pra não dizer "sensações" advindas dessa experiência.

Primeiro vem o instinto. Como refinamos essa caracteristica. Nossos instintos controlam nossos movimentos, ficamos mais rigorosos, mais determinados, mais precisos...e ligeiramente reativos...(Institivos seria o termo!).

Depois somos fisgados pela sensação mais deliciosa de todas: O Desafio!

Sentir-se desafiado é tão sério quanto gostoso.


É estar colocado todo instante à prova; É sentir-se armado pra batalha;

Mas a batalha não é qualquer uma. A batalha é sua. É contra ti mesmo. Contra tuas próprias verdades...teus próprios temores...contra tuas incertezas...a vida inteira...
Os sentimentos que movem um desafiado são um misto de medo corajoso com prazer e dor...
Sentir-se desafiado é estar solitário na guerra... e forte o suficiente pra vencer a morte...nunca o contrário...
Ah! E por quão pouco nos sentimos assim:

Um olhar desviado, um pudor exacerbado, um pano amarrado...

Um quê de não sei onde? ... um onde de não sei quê?

Enfim...o desafio é aquilo que nos mantem acordados pra vida, que faz nascer a força dentro do peito, no intimo do ser...

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

O Preço

Eu devo muito a esse lugar. Muito do que sou, muito do que me tornei foi fruto da convivência aqui dentro.

Não posso pensar em esquecer o quanto tudo isso me influenciou positiva e/ou negativamente também.Tive nesse espaço, experiências únicas.

Lembro-me de quanto me senti pequena e violentada pela brutalidade da ignorância de alguns...por todo aquele desprezo e incoerência...Também, não por menos, das infinitas lágrimas de gratidão desprendidas de olhinhos miudos num colorir de faces...Ah! Quantas barreiras sentimentais, morais, éticas, humanas foram postas em cheque!

Aqui, me tornei mulher de verdade: Pra encarrar o mundo de frente, de lado e de banda. Pra batalhar, pra vencer (inclusive nas derrotas da vida!).Pra chorar amores traidos, perdidos, esquecidos num canto qualquer. Nesse chão, foi que conheci a dor da renuncia e o desasossego de um amor verdadeiro.

Aprendi me esconder de minhas próprias verdades...duvidar delas e criar pra mim mesma uma mentira capaz de esconder a dor que deveras sinto.


Quando aqui entrei pela primeira vez, soube que tudo era um sonho que eu, mais que ninguém, desejava sonhar. Mais tarde, percebi o quão perigoso poderia sê-lo e pensava conseguuir pagar o preço.


E foi contabilizando isso, que descobri que foi também aqui que , troquei amores, perdi inocência, entendi a fragilidade das verdades, perdi grandes amigos (grandes não, enormes - daqueles que não se encontra nas esquinas e nos bares!). Aqui, me entorpeci de sentimentos vãos...

Acontece que, há momentos na vida, em que é preciso decidir pela felicidade. E... meu caro, esta sim é muito cara!

Ser feliz requer sabedoria...exige gratidão, amizade, respeito e confiança...

E eu, eu sou muiiiiiiiito grata a esse Espaço, que me criou e me fez forte. Aqui fiz amigos, plantei sementes e semeei dignidade. Conquistei respeito e respeitei limites outros...Mas acima de tudo CONFIEI...que este aprendizado valeria a pena...E valeu!

Mas vem chegando a hora de pagar pela felicidade...vem chegando a hora de dizer : Até mais! Tchau! Fui! Adeus!...

quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

Tristeza

Como explicamos que um sentimento bom, possa causar tanto mal?

Quando nos conhecemos, senti que existia uma química, algo diferente, um “quê” bem maior.
Era um misto de curiosidade e querer bem que nos motivava as aventuras cotidianas. Um não sei bem o quê, que fazia de nós um ser único e especial.
Compramos as brigas, corremos os riscos, afugentamos medos. Sofremos, lutamos, vibramos, rimos muito, e muitas também foram nossas lágrimas... Amamos e fomos amados...
...Foi um tempo de luz...de calor....que infelizmente passou....
Ao olhar pra trás e perceber o quanto tudo isso mudou em ti, sinto uma forte tristeza...
Não pelos sentimentos do gênero, da carne...por que esses acaba, passa, e a gente se acostuma a viver de outras maneiras, com outras pessoas...a gente cresce, aprende!
Sinto pela cumplicidade, pela docilidade que existia até na tortura, pelo excesso de zelo, pelo doar-se...
Esse tipo de amor é muito maior... ele transcende, aquece a alma...não é pra qualquer um...
Mas é essa nossa vida...
Um maior de escolhas, de caminhos e de desacordos...
E não será por que não seguimos um mesmo caminho que ficamos perdidos...
Talvez amanhã você perceba o tamanho do tesouro que estamos abandonando pela estrada da vida... Digo você, apesar de ser mais um erro plural, por que estou tomando consciência de minha culpa...
Mas infelizmente não tenho mais forças de lutar... Tentei o quanto forças tive, para impedir que chegasse a esse ponto... Mas... infelizmente... sou humana...
Vou sair pela vida e procurar um canto pra chorar... e quando estiver cansada e as lágrimas cessarem...daí então buscarei no sol a energia viva que me trará o brilho necessário a um novo sorriso...
E quem sabe, um dia, possamos ler esse pranto e juntos sorrir daquilo que sobrou de nós!

domingo, 25 de janeiro de 2009

O Prêmio Mais Esperado Do Ano!...

...Por Adris

Hehe...Hoje é dia de homenagens!... Nesse Memorial particular, sempre faço menções àqueles que de alguma forma deixaram sua marca pessoal em meus dias...
E não seria justo que só considerasse as boas obras, os amores, as alegrias, ou dores de outrora...é preciso lembrar também, os que registram sua mais forte caracteristica...Minha sincera homenagem ao velho amigo : O Chato!

O Chato (Oswaldo Montenegro)

Ah, todo chato é bonzinho
Nunca nos faz nenhum mal
Ah, todo chato é calminho
Como se faltasse sal
Ah, todo chato te conta
Aonde passou o Natal
E sempre te da um dica
De onde ir no carnaval
Ah, todo chato cutuca
Pra você prestar atenção
Chama cabeça de cuca
E arranha um violão
Diz que inventou uma música
E toca as seiscentas que fez
E quando você abre a boca e boceja
Ele toca tudinho outra vez
Ah, todo chato é gosmento
mas não há como evitar
Eu sou um chato e meu Deus não me agüento
Só me tacando no mar

Por favor, não desejo ser incompreendida...não que esse sujeito não mereça minha atenção e cuidado...afinal, quem nunca conheceu ou não teve um amigo chato?...Ah! Todos somos meio chatos às vezes!

Oswaldo Montenegro gosta de brincar com essa canção nos shows e francamente, desconheço melhor definição pra chatice!

Especialmente hoje pela manhã, quando ouvi essa canção lembrei-me de um amigo, ou seria um "camarada", que possui todos os adjetivos utilizados para definir o personagem em questão:é bon"zinho", calm"inho", sem sal, cutuca (literalmente!...pra chamar a atenção quando fala), conta todas as ma-ra-vi-lhas que criou e só pra acabar com a prosa...jura que é perfeito e modesto!...

Senhores! O prêmio vai pro...rsrsrs!!!
Deixa pra lá...vamos tomar um cafézinho antes?...





segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

...Por Adris

" O sonho é precioso a cada suspiro, a cada pulsação, a cada momento"
Walter Paiva

Tenho passado por uma série de decepções nos ultimos tempos.

Me decepcionei com a família...quando percebi que os heróis erram e perdem muitas batalhas...Quando percebi que aquela força que a gente acredita que o irmão mais velho tem , fica pequena perto dos monstros e também dos ratinhos...Quando descobri que os nossos pais nos criam com uma carga muito grande dos sonhos que não realizaram e que infelizmente também não realizaremos por eles...

Me decepcionei com o trabalho...quando descobri que não importa o cargo que você ocupe, sua opinião nunca será a mais importante (ainda que você seja o dono!)...Quando percebi que não interessa o quão dedicado tu sejas, seu valor será sempre muito menor que o $$...E também quando por infecidade conclui que o $$ é capaz de comprar algo que pra mim não tem preço: amizade.

Amizade...palavra bonita, sentimento bonito que também deu conta de uma decepção...Quando olhamos pra frente e sentimos o nó da inveja, o despeito diante das conquistas, a desvalorização do outro como parte de sua felicidade...ou como cumplice dela....a ignorância...a maldade velada...a consciência do bem encolhida...

Também foi assim com sociedade: Tão decepcionante é presenciar os abusos de poder, a violência contra as verdades alheias,a falta de postura e ética, a falta de limites e de respeito à vida!

É..e não parei as decepções por ai...Também me decepcionei com a Religião...quando percebi que falam demais em pecado e salvação...mas que o pecado esta no julgamento e não na ação praticada (Ah, e quão difícil é não julgar!...)... E que a salvação não nos é dada de graça...é uma dádiva que como tantas outras exige a conquista... Também quando percebi o quanto as minhas verdades absolutas passaram a mentiras pelo ápice de uma paixão...

Ah, o amor!...De todas as decepções, foi esta a mais triste...

É decepcionante acordar e descobrir que os sonhos, as buscas, os anseios por fazer feliz foram em vão...Que as promessas, os suspiros e o carinho foram sucumbidos ao pó...Que o calor, a graça a leveza, contrariaram sentimentos menores e foram exterminados das terras do coração...

É meus amigos...Foram muitas as decepções! Tantas que pensei em desistir...da luta, dos sonhos, das ilusões... Caiu por terra a vontade de continuar, de reagir...estava morrendo a ultima gota de esperança...

Contei isso a uma amiga novata...(uma dessas que a vida se incumbiu de pôr em nossos caminhos - A Van)... e percebi que o mesmo acontecia a ela...

Então refletindo um tiquinho, matei a charada - a equação é simples:

A) Seu Miguel, o porteiro, sempre falava que "quando a gente cresce perde a vontade de sorrir...que ser adulto dói"...

B) O mundo, as relações humanas, a necessidade de ser melhor, de ser o único, de ser excepcional, fez do homem algo descartável...segundo a necessidade do momento...Mas ainda assim ...humano e passível de alguma sensibilidade (ainda que com seu próprio umbigo!)

Conclui então que : A grande carga de responsabilidade que nasce do amadurecimento somada a perda de valor a que somos sucumbidos pelo desumanidade nos faz menos aptos à continuar sonhando...menos dispostos a acreditar que é possível...menos ávidos de esperança...É...aquela que é a ultima a morrer fica a beira do penhasco de nossas vidas...e se descuidarmos pode até cair...
Não...não queiramos nós que isso nos ocorra...Levante-se e faça o sonho valer a pena! Corra em busca do que lhe agrada, do que cativa tua alma...Voe nas asas da vida...planeje suas trilhas ...cave teu tesouro!
Por que amigo, te digo com atenção: Não deixe morrer o que nos mantem vivos!... Acredite...nosso combustível é o sonho!!!!

domingo, 18 de janeiro de 2009

Carta De Indignação A Segurança Pública Da Cidade

...Inicialmente pode parecer exagero, talvez seja mesmo, não me importa a reação que esta surtirá.
A real intensão é incomodar, cutucar a ferida, fazer-me ouvir.
Infelizmente, essa mensagem de desabafo é também um pedido de ajuda - que não é meu, mas de todos em nossa cidade...

Ilmo. Srs. Representantes Legislativos do Município ,

É com muito pesar que escrevo esse requerimento à Câmara Municipal desse tão caro Município do qual faço questão de ser eleitora.
Para que entendam meu pesar vou contar com brevidade às razões que me levaram a tanto:
Resido no Jardim Everest, bairro próximo à Prefeitura, ao Cartório, quase em frente ao Fórum. Como se deve prever, num bairro como este circulam diariamente “homens da lei” - ao menos na teoria – em função das atividades que exercem. Digo isso para que traçar um paralelo aos bairros menos favorecidos da cidade, aqueles em que tive orgulho de trabalhar, mas onde nem ambulância consegue chegar, quem dirá autoridades legais.

Ocorre que desde o primeiro dia de janeiro, percebemos o aumento absurdo de roubos e furtos em nossa cidade. Considerando um perímetro de 300 metros, somente no período citado acima, foram 3 residências.Isso não é dado hipotético, aconteceu em nossa rua.
Com isso, não pretendo que medidas sejam tomadas em detrimento ao meu bairro, nem a minha rua. Não é esse o objetivo!Seria medíocre. A idéia é ilustrar a indignação de uma cidadã que paga seus impostos, que contribui com a cidade, que elege seus governantes e exige respeito.

Essa indignação chegou ao ápice nessa noite!

Acabo de retornar da Delegacia Policial Civil de Hortolândia. Precisei visitá-la para efetuar um Boletim de Ocorrência por tentativa de furto do meu veículo através de invasão de domicilio – ocorrido na ultima madrugada.

Ao chegar, haviam três cidadãos discutindo na recepção, dois Guardas Municipais na porta e um agente policial sentado atrás do balcão. Cumprimentei fazendo menção à pedir informação, mas simplesmente ele se levantou e foi até a saleta, onde estavam um agente feminino e outro masculino.Esperei alguns instantes em pé, até receber um telefonema de minha família, no qual aproveitei pra avisar onde estava e informar que pretendia uma informação. Ao desligar, aumentei o volume vocal a fim de fazer-me ouvir e perguntei se alguém poderia me dar uma informação. Pra minha surpresa, todos saíram da sala e como se eu os estivesse desrespeitando trataram de fazer valer o titulo (se é que podemos chamar assim!) que carregam pela profissão.

Eu não estava ali pra desacatar ninguém, inicialmente por que admiro os profissionais que se dedicam a função de assegurar a integridade alheia. Depois, por que trabalho com prestação de serviços e com educação e não agiria assim com qualquer que fosse o cidadão. O caso é que, após a desagradável cena, fui atendida e durante a conversa e com bastante tato foi possível “desarmá-los” e constatar com tristeza a verdade por detrás de tudo isso.

Num desabafo, o escrivão contou-me que a ausência da polícia se deve ao fato de hoje ser 22 homens atendendo a cidade toda. E que desses, 2 se aposentarão e outros tantos fazem corpo mole (como existe em toda profissão e que comprovamos durante a efetivação do BO em que o agente que deveria lhe render entrou bastante atrasado!), e que no ultimo concurso às vagas não foram preenchidas.

Não me dei ao trabalho de checar tais informações, uma vez que saí de lá e vim escrever o documento e talvez por que ainda me esforce para confiar em pessoas que trabalham em favor da lei.

Finalizando, ele ainda me disse que infelizmente, conforme prevíamos, ninguém faria nada, seria um número em função da situação e me deu o documento, sem assinatura do Delegado, que também não estava, pelos mesmos motivos.

Como resposta, disse-lhe que não esperava realmente que nada pratico fosse feito, uma vez que era uma ocorrência e que o veiculo já estava amassado pelo infrator.
Mas que meu desejo era cumprir meu papel de cidadã informando a ocorrência, criando estatísticas que os permitam cobrar políticas publicas de segurança, resguardar-me legalmente através do documento e mais que tudo isso entender o que estava ocorrendo na cidade.

Senhores, o que solicito, o que requeiro, não é muito, e creio que não seja um desejo egoísta.

Senhores requeiro informações (escritas) sobre o que há com a Segurança Publica em nosso município.

Requeiro informações sobre os treinamentos efetuados nessas equipes.

Requeiro uma ATITUDE dessa casa.

Meus senhores, nossa cidade merece atenção, merece segurança, merece respeito.

Manterei-me à disposição para esclarecimentos e no aguardo das informações solicitadas.

Sem mais,

Adriana Souza

Indignação!!!

Por Adris

De tanto ver triunfar as nulidades,
De tanto ver prosperar a desonra,
De tanto ver crescer a injustiça,
De tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus,
O homem chega a desanimar-se da virtude, a rir-se da honra, a ter vergonha de ser honesto.
(Rui Barbosa)

Indignação! Foi exatamente isso que senti nessa manhã!

Inexplicavelmente despertei muito antes do horário pretendido...na verdade não conseguia desligar...era como se algo forte me incomodasse em demasia.

Tomei um banho rápido e coloquei uma roupa...tinha hora marcada...precisava de novo sair para o trabalho...de novo repito!

Ao tentar entrar em meu carro, percebi que alguém havia tentado isso antes... e sem a minha permissão...

Isso mesmo! Alguém! Um intruso! Um intruso em meu ninho!!! E que, justamente, por ser um intruso... não conhecia o acesso... não o POSSUIA...

Devia ser um desses monstrinhos alucinados que o mundo criou...a procura de algo que lhe permitisse alucinar-se ainda mais...dar mais um teco...

E me diga: O que é que eu tenho a ver com isso?

Causa-me indignação, trabalhar tanto, durante tantas horas (mais de quinze/dia), sem folgas, sem família, sem amigos, sem fim de semana de sol tendo que receber por "bom dia!" cenas desse tipo.

É triste ter medo de voltar pra casa! É revoltante telefonar pra amiga pra ouvir falar de mais um assalto, mais um furto, mais um roubo! É intolerante escutar que você foi mais uma vítima, ou que essas coisas acontecem!...

Não! Essas coisas não acontecem! Elas não são como o sol que precisa nascer de manhã. Nem como a lua possuidora de fases. Não...elas não DEVEM tornar-se comuns...Isso não pode ser rotina! Não quero que seja!Nunca hei de acostumar-me a elas! Chega!

Pedi a meu paizão que com seu esforço tentasse voltar a porta ao lugar. Não tinha tempo. Precisava correr! E correndo deixei os olhos marajados de minha mãe rumo ao trabalho.

Como não podia ser diferente, a raiva fez-me esquecer coisa importante...Faltou-me a coisa primordial ao começo de qualquer trabalho...A mesma coisa que fez com que aquelas criaturas destruisseem a porta de meu carro: faltou-me a chave!

Quisera eu resolver o problema da mesma maneira que aquelas criaturas tentaram resolver o seu! Quisera eu quebrar os vidros, destruir as portas e adentrar-me num espaço que não me pertence! Ainda que por motivo de trabalho!

Se fosse comigo, não seria tão fácil, o alarme dispararia!...Ah, certamente seria assim!
Sou gente de bem!...Só com os maus ele não dispara!... E pra piorar haveriam no meu caso 150 testemunhas...

O que eu fiz? Como resolvi a situação? ... Com a escandalosa atitude que só os bons possuem: Solidariedade... mas isso é asunto pra próxima!4

14 Mandamentos De Um Hoteleiro:

1º - Não terás vida pessoal, familiar ou sentimental.

2º - Não verás teus filhos crescer.

3º - Não terás feriado, fins de semana ou qualquer outro tipo de folga.

4º - Terás gastrite, se tiveres sorte. Se for como os demais terás úlcera.

5º - A pressa será teu único amigo e as suas refeições principais serão os lanches, as pizzas e o China In Box.

6º - Teus cabelos ficarão brancos antes do tempo, isso se te sobrarem cabelos.

7º - Tua sanidade mental será posta em cheque antes que completes 5 anos de trabalho;

8º - Dormir será considerado período de folga, logo, não dormirás.

9º - Trabalho será teu assunto preferido, talvez o único.

10º - As pessoas serão divididas em 2 tipos: as que entendem de hotelaria e as que não entendem. E verás graça nisso.

11º - A máquina de café será a tua melhor colega de trabalho, porém, a cafeína não te farás mais efeito.

12º - Happy Hours serão excelentes oportunidades de ter algum tipo de contato com outras pessoas loucas como você.

13º - Exibirás olheiras como troféu de guerra.

14º - E, o pior........ inexplicavelmente gostarás de tudo isso...

sábado, 17 de janeiro de 2009

Crônica De Amor

Por Arnaldo Jabor


Ninguém ama outra pessoa pelas qualidades que ela tem, caso contrário os honestos, simpáticos e não fumantes teriam uma fila de pretendentes batendo à porta.


O amor não é chegado a fazer contas, não obedece à razão. O verdadeiro amor acontece por empatia, por magnetismo, por conjunção estelar. Ninguém ama outra pessoa porque ela é educada, veste-se bem e é fã do Caetano.


Isso não são referenciais. Ama-se pelo cheiro, pelo mistério, pela paz que o outro lhe dá ou pelo tormento que provoca. Ama-se pelo tom de voz, pela maneira que os olhos piscam, pela fragilidade que se revela quando menos se espera. Você ama aquela petulante.


Você escreveu dúzias de cartas que ela não respondeu, você deu flores que ela deixou a seco. Você gosta de rock e ela de chorinho, você gosta de praia e ela tem alergia a sol, você abomina o Natal e ela detesta o Ano Novo, nem no ódio vocês combinam. Então? Então, que ela tem um jeito de sorrir que o deixa imobilizado, o beijo dela é mais viciante do que LSD, você adora brigar com ela e ela adora implicar com você. Isso tem nome.

Você ama aquele cafajeste. Ele diz que vai ligar e não liga, ele veste o primeiro trapo que encontra no armário. Ele não emplaca uma semana nos empregos, está sempre duro e é meio galinha. Ele não tem a menor vocação para príncipe encantado e ainda assim você não consegue despachá-lo. Quando a mão dele toca na sua nuca, você derrete feito manteiga. Ele toca gaita de boca, adora animais e escreve poemas.

Por que você ama este cara? Não pergunte pra mim, você é inteligente. Lê livros, revistas, jornais. Gosta dos filmes dos irmãos Coen e do Robert Altman, mas sabe que uma boa comédia romântica também tem seu valor. Ela é bonita. Seu cabelo nasceu para ser sacudido num comercial de xampu e seu corpo tem todas as curvas no lugar. Independente, emprego fixo, bom saldo no banco. Gosta de viajar, de música, tem loucura por computador e seu fettucine ao pesto é imbatível. Você tem bom humor, não pega no pé de ninguém e adora sexo. Com um currículo desse, criatura, por que diabo está sem um amor?

Ah, o amor, essa raposa. Quem dera o amor não fosse um sentimento, mas uma equação matemática: eu linda + você inteligente = dois apaixonados. Não funciona assim. Amar não requer conhecimento prévio nem consulta ao SPC.

Ama-se justamente pelo que o Amor tem de indefinível. Honestos existem aos milhares, generosos têm às pencas, bons motoristas e bons pais de família, tá assim, ó! Mas ninguém consegue ser do jeito que o amor da sua vida é.

O Novo Profissional - Generalista? Especialista?

“Somos congruentes apenas quando nossos pensamentos acompanham nossos passos, quando nossa alma coincide com nossos corpos, quando nossas emoções estão de acordo com nossa mente e nossa conduta. E tal congruência é em si transformadora!”

Roberto Crema



Um profissional competente é também congruente. Por isso é tão importante entender o novo significado da palavra competência, já ela permite compreender os novos requisitos que tornam um profissional perfeitamente integrado às atuais exigências da nova era.

O mercado de trabalho busca com enorme interesse profissionais que já despertaram para esse novo contexto e que por isso se destacam dos demais. Eles não são fruto de nenhum milagre! A chave do sucesso está do desempenho integral, que vem de um desenvolvimento global.

O importante é começar a perceber que ao lado de qualidades sempre exigidas está um novo rol de competências. Para você ter novos conhecimentos, a aprendizagem também é nova. Não dá mais para falar de um jeito e agir de outro. Discurso e ação andam juntos e precisam ser congruentes. Essa congruência também é aprendida a partir do desenvolvimento holístico, total.

O novo profissional é uma pessoa responsável pelo próprio desenvolvimento. Não espera que seu coordenador tome decisões por ele, mas propõe soluções e sempre que possível toma a iniciativa. Assim, é também responsável pelo crescimento de seu setor e de si mesmo.

Esse profissional, como estamos vendo, é extremamente ativo, por isso é questionador, isso é, não aceita passivamente nenhuma atitude imposta, mas expressa sua opiniões de formas clara, apresentando novas possibilidades para os negócios.

As decisões tomadas não podem mais levar em conta apenas um aspecto da empresa. Todos os setores estão interligados, e uma ação boa para um pode desencadear grave problema em outro. Por isso as ações devem ser sistêmicas, considerando-se todas as variáveis internas e externas pertinentes ao assunto.

Procure lembrar-se de dar o exemplo ao invés de seguir um. O novo profissional, aquele que quer ter destaque em sua área de atuação, deve ver-se como educador, como uma espécie de conselheiro e espelho no qual outros possam mirar-se. Não espere de outra pessoa aquilo que você próprio não puder fazer por si.

Você também precisa ter em mente que hoje em dia as relações com as equipes são menos duradouras, pois muitas empresas costumam trabalhar por projetos. Por isso é importante saber desenvolver boas relações em curto período de tempo. A palavra-chave aqui é saber comunicar-se e ser uma pessoa sociável. Procure agir como um elemento agregador, como um motivador das pessoas que estão a sua volta. Assim a integração fica mais fácil e o trabalho flui de modo natural e agradável para todos. Esse é o modo de conseguir resultados por intermédio das pessoas.

Tampouco pode haver preconceitos contra o fato de seu coordenador ser homem ou mulher, mais novo do que você e outros. Lembre-se: ele ou ela está aí como profissional, e assim deve ser tratado ou tratada! O respeito recíproco também é um modo de tornar o ambiente agradável e, mais que isso, é um princípio ético de muito valor.

Utilize suas férias para viajar ou fazer cursos proveitosos. Conhecer novas culturas abre novos horizontes e traz percepções até então desconhecidas. Cursos de língua ou informática também são uma boa escolha. Não fique as férias todas passivos! Descansar é bom, mas procure equilibrar o descanso com atividades que lhe dêem prazer.

Não é apenas na área da moda que temos modelos in e out. No mercado de trabalho também existe características que condizem com o momento e outras, ultrapassadas, que você deve guardar naquele velho baú da vovó!

Primeiro vamos ver tudo aquilo que cheira a naftalina, coisas que você deve aposentar se não quiser ser apresentado.

Não trabalhe apenas por obrigação, pois isso se reflete em suas ações, e seus colegas acabarão percebendo sua má vontade. Isso não quer dizer vestir a camisa da empresa, algo que também saiu de moda. Seja independente, tenha respeito pela empresa, mas não deixe de cultivar uma nova postura crítica.


Outra característica que está ficando no passado é esperar uma atitude paternalista da empresa, achar que ela estabelecerá seu plano de carreira, o promoverá na hora certa e que depois de conseguir o emprego você pode “fazer corpo mole” e esperar pela aposentadoria.

Esse tipo de profissional costuma cair no esquecimento, não ser lembrado na hora das grandes decisões e, o que é pior, fica defasado, core o risco de perder o emprego e não encontrar outro. Sacuda a poeira e comece a perceber que o mercado de trabalho está sempre mudando. Mantenha-se em dia comprando revista especializada, fazendo cursos de atualização e interessando-se por tudo o que diz respeito à empresa, tanto nos fatores internos quanto na conjuntura externa.
O profissional out também era aquele que só se preocupava em realizar o que outros mandavam, que tinha conhecimento apenas do que fazia. Aquele que era obediente, um simples técnico que executava idéias alheias. Não tenha essa atitude de “avestruz”, que fica de cabeça enterrada no chão! Criatividade e iniciativa são palavras de ordem atualmente.

Para que tipo de profissional os holofotes se voltarão? Quem é o grande modelo que vem sendo procurado e que com certeza fará sucesso?

Primeiro é aquele que aceita desafios e é empreendedor. Nada de ter medo de propor inovações na hora de resolver problemas da empresa. Essa é, na verdade, a real participação nos negócios, a interação que gera o prazer de trabalhar.

O novo profissional preocupa-se com seu marketing pessoal e o constante acompanhamento do mercado de trabalho. É a questão de fazer o próprio cartaz, planejando a carreira passo a passo, atualizando-se sempre e buscando qualidade de vida. Esta última é imprescindível e consiste em uma vida saudável, com relativo espaço para lazer e a cultura geral, além do equilíbrio entre mente e corpo. Tudo isso contribui para que o profissional tenha uma imagem positiva de si mesmo, passando a vivenciar esse conceito dentro da empresa em benefício próprio.
Outra questão que está na ordem do dia é se o profissional deve ser um especialista ou alguém mais generalista. Não podemos, em uma época de globalização, querer explicar um debate tão complexo de forma dicotômica. Na verdade o profissional de hoje deve possuir as características positivas de ambas as posições. Analisando a resposta de quatro importantes consultores no assunto, podemos chegar a algumas conclusões significativas.

É claro que o profissional deve ter uma área específica de atuação e conhecê-la em detalhes. Ser um especialista hoje é ter domínio de uma ou mais áreas de conhecimento, com a compreensão de leis gerais que fundamentam uma visão sistêmica. É essa visão polivalente que nos leva a interações com outros campos de conhecimento e nos mostra que áreas não são estanques, mas possuem inúmeras conexões, o que evita a perspectiva estreita e fragmentada da realidade.

O sucesso está em captar as relações entre diversos sistemas de conhecimento. Assim, o novo especialista é, de certo modo, também um generalista, já que entendendo as conexões entre as áreas pode usar todo esse conhecimento para decidir com eficiência entre soluções de problemas de mais de um campo.

O novo profissional é flexível e tem alto poder de abstração, ou seja, não fica preso apenas a detalhes técnicas de um problema, mas consegue entende-lo dentro de uma totalidade, de um sistema em que várias forças interagem ao mesmo tempo. Por exemplo, o advogado não pode ser um simples aplicador de leis, mas tem que conhecer o lado financeiro da empresa, os concorrentes que ela tem, como se relaciona com seus parceiros e clientes para apresentar a melhor solução de uma questão jurídica específica, munindo-se de argumentos mais completos porque tirados de uma visão globalizante.

Hoje o que define um vínculo empregatício não é mais um cargo, entendido como um conjunto de funções específicas. Quando você entra e uma empresa está estabelecendo uma ligação com todo o processo. Não é apenas uma que lhe dão, mas um espaço complexo, uma teia de relações que, por sua natureza, exige que você seja tanto um especialista quanto um generalista. É isso aí, nada de compartimentos separados, mas sim espaços em constante troca de informações! Por isso fique menos preocupado em manter o seu emprego e mais a sua empregabilidade.

A criatividade é outro fator de grande importância para o profissional moderno. Ela pode ser um ótimo cartão de visita e mostrar a que você veio. A criatividade é um fator diversificador que possibilita expor a sua individualidade, aquilo que o torna diferente dos outros. É o algo mais que causa impressão pela novidade, pela proposta inusitada, na qual ninguém havia pensado. Não é preciso ser um gênio para isso! Às vezes uma idéia simples pode ajudar a resolver um grande problema.

Para tanto, dê vazão a si mesmo, não se censure, deixe suas idéias virem a tona. Isso não quer dizer que precise dar crédito a tudo aquilo que vem a sua mente. Ë claro que só deve ser selecionado o que serve aos propósitos da empresa. Mas o fato de deixar sua mente livre para pensar é o que vai permitir que sua criatividade aflore. Depois, basta você saber usa-la com critério e bom senso. Esse algo mais fará com certeza muita diferença!

Outra questão com a qual o novo profissional deverá saber lidar é a administração de seu próprio tempo. Por que será que muitas pessoas vivem reclamando de que não têm tempo para nada? Por um lado, é claro que o ritmo da vida moderna é muito agitado e realmente todos desenvolvem inúmeras atividades ao mesmo tempo. Mas por outro lado, muita gente simplesmente não sabe organizar esse tempo.

Não existe receita pronta, pois cada um tem um ritmo biológico diferente e um modo distinto de se organizar. Mas há uma dica que creio ser de muita utilidade: todos devemos desenvolver a autodisciplina. Ou seja, de que adianta ter uma bela agenda eletrônica, um maravilhoso bloco de recados, um bip sempre pronto a lembrá-lo de seus compromissos se você simplesmente não obedece a horários nem a sua própria programação? Há um ditado popular que cabe bem nessa situação: “Não deixe para amanhã aquilo que pode fazer hoje”. É verdade, procure cumprir suas atividades nos horários estipulados. Isso não quer dizer para você não ser flexível, apenas procure ser exigente consigo mesmo evitando certo comodismo prejudicial tanto a sua saúde quanto a sua carreira.

Procure também perceber o que determina suas decisões, se um pensamento racional ou um sentimento. Aprenda a compreender o que está por trás de seus sentimentos para lidar melhor com as ansiedades e os medos. Aceitando seus estados de espírito e controlando-os você conseguirá levar seus compromissos até o final, evitando desgastes desnecessários.

Agora, de nada adianta compreender suas próprias emoções sem entender os sentimentos e as preocupações dos outros. Ponha-se no lugar de seu colega de trabalho, perceba como ele se sente e reage a fatos e comportamentos alheios. Além de ser uma grande escola, isso ajuda você a entrar em sintonia com os sinais daquilo que os outros precisam e querem. Aprendendo a se relacionar com as outras pessoas você reforça sua popularidade, liderança e eficiência, destacando-se e conquistando a simpatia de todos!

Esses são alguns componentes básicos que ajudam, segundo Goleman, a percepção e a melhoria da inteligência emocional. Qualquer pessoa que busque sucesso profissional, de hoje em diante deve ficar em sintonia com essa grande mudança comportamental que caracteriza a nova era da informação.

O que procurei mostrar até aqui é que o novo profissional precisa integrar tudo o que está a sua volta e em si mesmo para ser coerente e ter sucesso. Para ser coerente é preciso ter congruência. Segundo Johan Kluczny, uma pessoa se encontra em estado de congruência quando sua expressão comunicativa coincide com sua vivência e seu modo de pensar. A expressão corporal deve estar de acordo com o sentimento e o pensamento a ser transmitidos. Assim como a ação deve ser congruente com a expressão verbal (com o que foi dito). Desse modo, o comportamento congruente convence as pessoas, gerando a confiança mútua.

Vamos dar um exemplo prático de congruência. Eu digo: “Estou gostando muito do meu trabalho!” Falo com voz firme, com entonação correta e com o semblante cheio de satisfação (sorriso, olhar vivo). Agora o mesmo exemplo, só que revelando incongruência: digo a mesma frase em voz baixa, sem entonação convincente (monótona) e sem nenhum sinal de satisfação no semblante. A congruência revela que não há contradição, que a pessoa é clara, precisa e objetiva. Enfim, é uma atitude positiva e altamente profissional.

Será que aquele seu velho manual de conselhos práticos já não está ajudando muito? Você está se sentido meio fora de compasso? Então vamos lá acertar o foco e passar a ver esse novo profissional com as lentes perfeitamente ajustadas!

REFERÊNCIA:
D’ELIA, Maria Elizabete. Profissionalismo: não dá para não ter. Cap.2. São Paulo: Editora Gente.1997.
1 Robert Shinyashiki, Renato Berhoeft, Vicky Block, Marcos Bruno. “Generalistas x especialistas”, revista Instituto Pieron.
2 Inteligência Emocional.

quarta-feira, 14 de janeiro de 2009

A Procura Da Alma Gêmea

por Maria Aparecida Diniz Bressani

Vou contar, resumidamente, um Mito de Platão: “O ANDRÓGINO”.

Num tempo longínquo, havia três gêneros: o homem, a mulher e o andrógino.O andrógino era um ser esférico, composto de um só tronco, com todos os órgãos em duplicata, quatro braços, quatro pernas e uma cabeça com duas faces situadas em lados opostos e quatro orelhas, como dois seres humanos colados; que poderiam ser do mesmo sexo – dois homens ou duas mulheres – ou um homem e uma mulher fundidos.

Eram ágeis, fortes e extremamente orgulhosos.Por saberem de sua força começaram a opor-se aos deuses, rivalizando com força e poder. Júpiter, deus dos deuses, ao constatar a força desses seres e por temer o confronto, mas não querendo perder as honras e oferendas, resolveu separá-los para enfraquece-los – o que realmente aconteceu – condenando-os à separação.

Desde então, tornamo-nos partes e fragilizados na carência. Quando Júpiter assim o fez, os seres separados se espalharam pelo mundo, desorientados, procurando a parte que lhes faltava.

Com esta pequena história, Platão pretende nos explicar a sensação que nós, seres humanos, temos da carência do outro em sua vida.Este mito não busca entender a polaridade – masculino e feminino – mas, sim, a necessidade que temos em sempre buscar o outro e tê-lo em nossa vida. Tanto que o andrógino poderia ser dois homens, duas mulheres ou um homem e uma mulher, fundidos.



Desta forma ele nos explica o hetero e homossexualismo, como o encontro da alma gêmea, que seriam seres com absoluta afinidade, independentemente da opção sexual.Por isso, o ser humano vive, hoje e sempre, sentindo-se apenas fração do ser humano que é; estando, perpetuamente, buscando sua alma gêmea, aquele que lhe foi separado pelo temor dos deuses.

Buscamos o parceiro – ou parceira – que nos complemente, pois segundo o filósofo, temos o objetivo de ter o que ainda não temos ou o que já perdemos, estando sempre latente a consciência da carência.

Mas, a grande confusão que as pessoas fazem sobre a própria carência é entenderem ter carência do amor na própria vida, enquanto que, como o próprio Platão demonstra neste mito, a verdadeira carência está no outro em nossa vida; pois o amor está dentro de nós, e para tê-lo em nossa vida basta saber acessá-lo (autoconhecimento); mas, o outro, tê-lo em nossa vida é uma arte de concessão e doação deste amor que está dentro de nós.

Portanto, o que nos move em direção ao outro é a carência do outro em nossa vida. Por isso, o outro é um ser tão especial em nossa vida, pois, segundo este Mito, a separação deixou-nos – seres humanos – com a sensação de que o nosso parceiro complementar (nossa outra metade) está por ai, pelo mundo, perambulando à nossa procura, como nós estamos à sua procura.Sonhamos, nostalgicamente, com esse reencontro, onde aspiramos encontrar a unidade original, através do amor, na ilusão de uma fusão.

Para Platão, existiria Alma Gêmea.Mas, enfim, deixo uma pergunta no ar:Existe a Alma Gêmea que tanto procuramos?

Este texto faz parte do curso: "Amor e a busca da Alma Gêmea"

Andrógino Divino - O Ser Perfeito

Fonte: Revista Isis

A figura do andrógino, metade homem, metade mulher, é hoje uma aberração. Assim como para muitos o é o nascimento de siameses, hermafroditas ou até mesmo a opção homo ou bissexual de alguém.

Na Antiguidade, porém, o andrógino sempre significou a fusão de opostos e, em um caráter mais físico, a conjunção dos sexos.
Portanto, estudar sobre o andrógino primitivo é percorrer caminhos os mais variados. Ora estamos no terreno mitológico, ora em busca de explicações científicas. Independente de qualquer caminho tomado, a figura do andrógino quer, todo o tempo, nos falar de Amor.

"Parece-me que os homens absolutamente não se dão conta do poder do amor", diz Aristófanes no Banquete, de Platão. Este, diz que Eros, o primeiro dos deuses, tinha ambos os sexos e deixa que o tema seja exposto por Aristófanes. Diferente de hoje, havia três gêneros: o macho, a fêmea e o andrógino. Sua rebeldia contra o Olimpo gera a história da separação.

"Ameaçaram os imortais de levar ao Olimpo o tumulto da guerra impetuosa (...)", vê-se na Odisséia, de Homero. Zeus se pergunta se será preciso tolerar sua insolência ou fulminá-los e perder assim as honras e oferendas que vêm deles? Após longa reflexão, decide torná-los mais fracos. "Vou cortar cada um deles pela metade. Assim ficarão mais fracos, e ao mesmo tempo terão mais para nos oferecer, já que seu número terá aumentado. Andarão eretos sobre suas duas pernas".

Zeus torna a ameaça-los com um novo corte que os fariam andar em um pé só, se não se mantivessem tranquilos. Cortados ao meio, os homens têm ajuda de Apolo que fica encarregado de virar seus rostos e esticar sua pele sobre o ventre deixando só uma abertura - o umbigo - para que se lembrem do ocorrido.

O homem, então, saudoso de sua metade, empreende uma busca por ela, desejando tornar-se novamente um único ser. Assim, os que eram homens buscam uma metade de homem, os que eram mulheres buscam uma metade mulher (e, usando o mito, são para os psicólogos e sexólogos, estes dois primeiros, os homossexuais) e, os que eram andróginos, se são agora a metade mulher, procuram sua metade homem e se são a metade homem, procuram a metade mulher. Cada um procurando unir-se à sua metade original e voltar a ser o que era.

"Aqueles seres, que passam toda sua vida um com o outro, são pessoas que não poderiam sequer dizer o que esperam um do outro; ninguém pode crer, de fato, que seja o gozo amoroso, e imaginar que tal é a razão de sua alegria e de seu grande empenho em viver lado a lado. É outra coisa evidentemente, que quer a alma de cada um, uma coisa que ela não pode exprimir, mas torna-se o que quer e o deixa obscuramente entender".

A partir da história contada por Aristófanes onde se explica a atração particularmente forte do homem pela mulher, da mulher pelo homem e até das mulheres e dos homens entre si, Fernand Comte, autor de Os heróis míticos e o homem de hoje, conclui que "o amor não seria um fenômeno psicológico nem um fenômeno físico ou espiritual, mas um elo bem mais forte, inscrito no ser mais profundo do homem, uma vez que o constitui como homem. Poderíamos dizer que o amor é ontológico".

Mas não param em Aristófanes as referências aos andróginos. Na Babilônia, o deus Lua Sinn era invocado como "Ó, Mãe-Útero, geradora de todas as coisas, Ó, Piedoso Pai que tomou sob seus cuidados o mundo todo".

Assim como T'ai Yuan, mulher sagrada de antigos mitos chineses, conjugava Yang (o princípio masculino) e Yin (o princípio feminino). No taoísmo, os princípios se unem para formar o Tao manifesto.

No budismo há representações andróginas de Bodhisattva no Tibet e na Índia. No hinduísmo, Shiva e Shakti, os primeiros deuses de certas versões da cosmogênese hindu, formavam, no início, um só corpo, na manifestação chamada Ardhanarisha, o "Senhor Meio Mulher".

Entre os antigos persas, Meshia e Neshiane formavam um só indivíduo. "Ensinavam também que o homem era produto da Árvore da Vida e crescia em pares andróginos, até que estes pares foram separados devido a uma subsequente modificação da forma humana".

No Talmud e no Zohar a androginia também está explícita: O nome Adão foi compreendido como englobando macho e fêmea. "A fêmea estava atada ao lado do macho e Deus mergulhou o macho em um profundo torpor e ele ficou estendido sobre o terreno do Templo. Então Deus separou-a dele e paramentou-a como uma noiva".

No Gênesis, aparece de forma mais implícita: "E Deus criou o homem à sua imagem, na Divina imagem Ele os criou; macho e fêmea os criou". A mais respeitável obra judaica sobre a interpretação do Gênesis, o Midrasb Rabbah, diz textualmente: "Quando o Sagrado, Abençoado seja Ele, criou o primeiro homem, Ele o criou andrógino".

quinta-feira, 8 de janeiro de 2009

Invisibilidade Pública - Tese De Mestrado Na USP

por Plínio Delphino;

"O HOMEM TORNA-SE TUDO OU NADA, CONFORME A EDUCAÇÃO QUE RECEBE''

Fingi ser gari por 8 anos e vivi como um ser invisível'
Psicólogo varreu as ruas da USP para concluir sua tese de mestrado da'invisibilidade pública'. Ele comprovou que, em geral, as pessoas enxergam apenas a função social do outro. Quem não está bem posicionado sob esse critério, vira mera sombra social.Plínio Delphino, Diário de São Paulo.

O psicólogo social Fernando Braga da Costa vestiu uniforme e trabalhou oito anos como gari, varrendo ruas da Universidade de São Paulo. Ali,constatou que, ao olhar da maioria, os trabalhadores braçais são'seres invisíveis, sem nome'.

Em sua tese de mestrado, pela USP,conseguiu comprovar a existência da 'invisibilidade pública', ou seja,uma percepção humana totalmente prejudicada e condicionada à divisãosocial do trabalho, onde enxerga-se somente a função e não a pessoa.Braga trabalhava apenas meio período como gari, não recebia o salário de R$ 400 como os colegas de vassoura, mas garante que teve a maior lição de sua vida:'Descobri que um simples bom dia, que nunca recebi como gari, pode significar um sopro de vida, um sinal da própria existência', explica o pesquisador.

O psicólogo sentiu na pele o que é ser tratado como um objeto e não como um ser humano. 'Professores que me abraçavam nos corredores daUSP passavam por mim, não me reconheciam por causa do uniforme. Às vezes, esbarravam no meu ombro e, sem ao menos pedir desculpas,seguiam me ignorando, como se tivessem encostado em um poste, ou em um orelhão', diz. Apesar do castigo do sol forte, do trabalho pesado e das humilhações diárias, segundo o psicólogo, são acolhedores com quemos enxerga. E encontram no silêncio a defesa contra quem os ignora.

Diário - Como é que você teve essa idéia?

Fernando Braga da Costa - Meu orientador desde a graduação, o professor José Moura Gonçalves Filho, sugeriu aos alunos, como uma das provas de avaliação, que a gente se engajasse numa tarefa proletária.Uma forma de atividade profissional que não exigisse qualificaçãotécnica nem acadêmica. Então, basicamente, profissões das classespobres.

Com que objetivo?

A função do meu mestrado era compreender e analisar a condição detrabalho deles (os garis), e a maneira como eles estão inseridos na cena pública. Ou seja, estudar a condição moral e psicológica a qual eles estão sujeitos dentro da sociedade. Outro nível de investigação,que vai ser priorizado agora no doutorado, é analisar e verificar asbarreiras e as aberturas que se operam no encontro do psicólogo social com os garis.

Que barreiras são essas, que aberturas são essas, e como se dá a aproximação?
Quando você começou a trabalhar, os garis notaram que se tratava de um estudante fazendo pesquisa?

Eu vesti um uniforme que era todo vermelho, boné, camisa etal.Chegando lá eu tinha a expectativa de me apresentar como novo funcionário, recém-contratado pela USP pra varrer rua com eles. Mas os garis sacaram logo, entretanto nada me disseram. Existe uma coisa típica dos garis: são pessoas vindas do Nordeste, negros ou mulatos em geral. Eu sou branquelo, mas isso talvez não seja o diferencial,porque muitos garis ali são brancos também. Você tem uma série de fatores que são ainda mais determinantes, como a maneira de falarmos,o modo de a gente olhar ou de posicionar o nosso corpo, a maneira como gesticulamos. Os garis conseguem definir essa diferenças com algumas frases que são simplesmente formidáveis.

Dê um exemplo.

Nós estávamos varrendo e, em determinado momento, comecei a papear comum dos garis. De repente, ele viu um sujeito de 35 ou 40 anos deidade, subindo a rua a pé, muito bem arrumado com uma pastinha decouro na mão. O sujeito passou pela gente e não nos cumprimentou, o que é comum nessas situações. O gari, sem se referir claramente ao homem que acabara de passar, virou-se pra mim e começou a falar: 'É Fernando, quando o sujeito vem andando você logo sabe se o cabra é do dinheiro ou não. Porque peão anda macio, quase não faz barulho. Já o pessoal da outra classe você só ouve o toc-toc dos passos. E quando a gente está esperando o trem logo percebe também: o peão fica todo encolhidinho olhando pra baixo. Eles não. Ficam com olhar só por cima de toda a peãozada, segurando a pastinha na mão'.

Quanto tempo depois eles falaram sobre essa percepção de que você era diferente?

Isso não precisou nem ser comentado, porque os fatos no primeiro dia de trabalho já deixaram muito claro que eles sabiam que eu não era um gari. Fui tratado de uma forma completamente diferente. Os garis são carregados na caçamba da caminhonete junto com as ferramentas. É como se eles fossem ferramentas também.

Eles não deixaram eu viajar na caçamba, quiseram que eu fosse na cabine. Tive de insistir muito parapoder viajar com eles na caçamba. Chegando no lugar de trabalho,continuaram me tratando diferente. As vassouras eram todas muito velhas. A única vassoura nova já estava reservada para mim. Não me deixaram usar a pá e a enxada, porque era um serviço mais pesado. Eles fizeram questão de que eu trabalhasse só com a vassoura e, mesmo assim, num lugar mais limpinho, e isso tudo foi dando a dimensão de que os garis sabiam que eu não tinha a mesma origem socioeconômica deles.

Quer dizer que eles se diminuíram com a sua presença?

Não foi uma questão de se menosprezar, mas sim de me proteger.

Eles testaram você?

No primeiro dia de trabalho paramos pro café. Eles colocaram uma garrafa térmica sobre uma plataforma de concreto. Só que não tinha caneca. Havia um clima estranho no ar, eu era um sujeito vindo de outra classe, varrendo rua com eles. Os garis mal conversavam comigo,alguns se aproximavam para ensinar o serviço. Um deles foi até o latã de lixo pegou duas latinhas de refrigerante cortou as latinhas pelametade e serviu o café ali, na latinha suja e grudenta. E como a gente estava num grupo grande, esperei que eles se servissem primeiro. Eu nunca apreciei o sabor do café. Mas, intuitivamente, senti que deveria tomá-lo, e claro, não livre de sensações ruins. Afinal, o cara tirou as latinhas de refrigerante de dentro de uma lixeira, que tem sujeira,tem formiga, tem barata, tem de tudo. No momento em que empunhei a caneca improvisada, parece que todo mundo parou para assistir à cena,como se perguntasse: 'E aí, o jovem rico vai se sujeitar a beber nessa caneca?' E eu bebi. Imediatamente a ansiedade parece que evaporou.Eles passaram a conversar comigo, a contar piada, brincar.

O que você sentiu na pele, trabalhando como gari?

Uma vez, um dos garis me convidou pra almoçar no bandejão central. Aí eu entrei no Instituto de Psicologia para pegar dinheiro, passei pelo andar térreo, subi escada, passei pelo segundo andar, passei na biblioteca, desci a escada, passei em frente ao centro acadêmico,passei em frente a lanchonete, tinha muita gente conhecida. Eu fiz todo esse trajeto e ninguém em absoluto me viu. Eu tive uma sensaçãomuito ruim. O meu corpo tremia como se eu não o dominasse, uma angustia, e a tampa da cabeça era como se ardesse, como se eu tivesse sido sugado. Fui almoçar, não senti o gosto da comida e voltei para o trabalho atordoado.

E depois de oito anos trabalhando como gari? Isso mudou?

Fui me habituando a isso, assim como eles vão se habituando também asituações pouco saudáveis. Então, quando eu via um professor se aproximando - professor meu - até parava de varrer, porque ele ia passar por mim, podia trocar uma idéia, mas o pessoal passava como setivesse passando por um poste, uma árvore, um orelhão.

E quando você volta para casa, para seu mundo real?

Eu choro. É muito triste, porque, a partir do instante em que vocêestá inserido nessa condição psicossocial, não se esquece jamais.Acredito que essa experiência me deixou curado da minha doença burguesa. Esses homens hoje são meus amigos. Conheço a família deles,freqüento a casa deles nas periferias. Mudei. Nunca deixo de cumprimentar um trabalhador. Faço questão de o trabalhador saber que eu sei que ele existe. Eles são tratados pior do que um animal doméstico, que sempre é chamado pelo nome. São tratados como se fossem uma 'COISA'.

*Ser IGNORADO é uma das piores sensações que existem na vida!

Respeito: passe adiante!